Síndrome de Down, Mal de Alzheimer e envelhecimento precoce

Existe uma relação entre a ocorrência de Síndrome de Dowm e Mal de Alzheimer numa mesma família. Esta relação ainda não é bem compreendida pela ciência, razão pela qual os pesquisadores pedem cautela quanto aos resultados preliminares por eles obtidos.

O Prof. Michael Petersen, geneticista de Atenas, acredita que mães jovens de filhos com Síndrome de Down apresentariam risco maior de desenvolver o Mal de Alzheimer. O fato de ter um parente próximo com Síndrome de Down também seria fator de risco para o Mal de Alzheimer. O Prof. Dr. Holtzman, neurologista da Universidade de Washington, falou em detalhes sobre a relação entre Síndrome de Down e Mal de Alzheimer. Citou que esta relação foi reconhecida em 1929 e que hoje se sabe que os genes dos cromossomos 1, 14, 19 e 21 estão envolvidos nas diferentes formas de Mal de Alzheimer.

O Dr. Ira Lott, pediatra e neurologista norte americano, vem estudando a relação entre Mal de Alzheimer e envelhecimento precoce de portadores de Síndrome de Down. Muitos estudos demonstram que cerca 20% dos adultos com Síndrome de Down desenvolvem Mal de Alzheimer, embora 100% tenham alterações anatômicas compatíveis com Mal de Alzheimer após os 40 anos. Dr. Lott comentou as alterações anatômicas cerebrais que existem na Síndrome de Down, onde o cérebro é menor, e de certa forma mais simples. Existe entretanto uma estrutura chamada giro do parahipocampo cujo tamanho paradoxalmente é maior que o normal nas pessoas com Síndrome de Down.

Um dado importante que está sendo estabelecido em seus estudos é que a perda da memória olfativa pode ser um sinal precoce de desenvolvimento de Mal de Alzheimer. Está também provado que quanto maior o grau de estudo de uma pessoa, menor a chance de ter Mal de Alzheimer. Este fato é definido pelos americanos como “use-o ou perca-o”. Dr. Lott confirmou o estudo que demonstra que o cérebro de uma pessoa com comprometimento intelectual tem um nível de metabolismo ( medido pelo consumo de glicose) maior que de uma pessoa comum. Este processo de gastar mais energia para realizar uma mesma tarefa estaria envolvido no processo de envelhecimento precoce que atinge as pessoas com Síndrome de Down.

(*) Agradecemos ao Dr. Ruy do Amaral Pupo Filho, médico pediatra e sanitarista e presidente da Associação Up Down pelas anotações e transcrição das apresentações feitas na Conferência Médica Internacional sobre Síndrome de Down, realizada em Barcelona, em 14 e 15 de março de 1997. Dr. Ruy do Amaral Pupo Filho viajou com passagens de cortesia da VASP, através da Federação das Associações de Síndrome de Down, e sua inscrição foi paga pela Associação Up Down.