Destacou-se nacional e internacionalmente escrevendo sobre ciência, agricultura e meio ambiente por quatro décadas em veículos como Planeta Sustentável, O Estado de São Paulo, Veja, Terra da Gente, Horizonte Geográfico, Ciência Pantanal e National Geographic.
Durante a sua vida, viajou por dezenas de países, do Polo Sul ao Polo Norte, a convite de governos, instituições não governamentais e por conta própria, produzindo reportagens em todos os continentes. Como ela dizia: “Minhas melhores histórias estão entre as páginas do passaporte!”.
Vida pessoal
Liana John nasceu em São Paulo (SP), em 7 de fevereiro de 1958, filha de Tulle Smith e Sidney Durval John. Era a segunda de quatro irmãs.
Morou grande parte da vida em Campinas (SP). Casada por 35 anos com o pesquisador e escritor Evaristo de Miranda, com quem visitou cerca de 40 países, Liana teve 4 filhos: Tiago, Íris, Melissa e Daniel, e um neto, Nico. Criou ainda sua querida companheira, a cadela Tita, e a acompanhou em dois partos.
Apaixonada por fotografia, Liana estava sempre com sua câmera, registrando visitas inesperadas de animais silvestres, floradas dos seus ipês e orquídeas favoritos e até minúsculos cogumelos. As fotos eram acompanhadas de legendas inteligentes, com trocadilhos engraçados, como frequentemente acontecia também em seus artigos profissionais. Para além dos premiados textos jornalísticos, Liana escrevia ainda poesias.
Era defensora de causas ambientais e sociais. Após o nascimento de seu filho caçula Daniel, Liana criou a organização não-governamental Espaço XXI, focada no desenvolvimento integral e na inclusão de pessoas com Síndrome de Down. A partir de 2017, apoiou Daniel também em seu projeto como youtuber no Canal Down News (para saber mais, acesse aqui).
Carreira
Formada pela FAAP e jornalista profissional desde 1977 (TV Tupi), Liana John especializou-se em Ciência e Meio Ambiente a partir de 1983, trabalhando nas revistas: Isto é, Veja e Guia Rural Abril. Foi pioneira no Brasil em jornalismo ambiental.
Ingressou na Agência Estado (AE) em 1988 e coordenou um serviço de matérias especiais sobre meio ambiente. Liderou a preparação dos jornalistas da AE para a cobertura da Rio-92 e teve atuação de destaque no evento organizando uma pioneira de rede eletrônica de comunicação em colaboração com a Rede Nacional de Pesquisa RNP e outras entidades.
A sessão de Ciência e Meio Ambiente lançada em 1995 no portal da AE, da qual Liana foi a editora, teve ampla repercussão e era distribuída para o jornal O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, Rádio Eldorado AM e FM, mais 220 jornais diários e semanais, rádios, emissoras de TV e revistas, no Brasil e no exterior, além de 5 agências de notícias internacionais.
Como repórter, colaborou ainda com a organização não-governamental ECOFORÇA – Pesquisa e Desenvolvimento, de 1992 a 2005. Participou como palestrante em diversos eventos nacionais e internacionais e ministrou vários cursos sobre jornalismo científico e ambiental, como no Mestrado Profissional em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável na Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE).
Liana participou como debatedora do Programa Biodiversidade em Debate e do Programa Roda Viva, ambos da TV Cultura, além de fazer parte de diversos juris de prêmios ambientais, como o CNI, de Ecologia; Yara e Abrelpe, de Jornalismo; Henry Ford, de Conservação; Embraco, de Educação Ambiental; Prêmio Ambiental von Martius, da Câmara Brasil Alemanha, entre outros. Em 2003, atuou como comentarista convidada no programa Terra, Mar e Ar, da Rádio Eldorado.
Foi uma das criadoras da Revista Terra da Gente, publicada desde maio de 2004, e que virou programa de televisão, produzido e exibido pela EPTV, afiliada da Rede Globo em Campinas. Durante os primeiros seis anos, foi a editora executiva da publicação e recebeu o Prêmio Ford de Conservação Ambiental, como a Iniciativa do Ano em Conservação, em 2004.
Publicou o blog semanal Biodiversa, no site Planeta Sustentável e o especial mensal Plantadores de Florestas no site da National Geographic Brasil, ambos na Abril.com. Também escreveu a seção mensal Brasileiros Semeadores na Revista Brasileiros e publicou regularmente reportagens na Revista Horizonte Geográfico.
Foi sócia e editora da Camirim Editorial LTDA, de 2010 a 2021, uma empresa de produção de conteúdo para mídia impressa (jornais, revistas e livros) e eletrônica (internet, rádio e TV) e de assessoria em temas de sustentabilidade. Produzia textos jornalísticos, áudios, fotos e argumentos para documentários sobre biodiversidade, ecossistemas, agricultura, meio ambiente, clima e ciência, em particular para o grupo Bandeirantes de TV, o canal AgroMais e Terra Viva.
Livros e Prêmios
Foi autora de mais de 20 livros, dentre os quais se destacam: Nicarágua, Nicarágua (1980); Amazônia, Olhos de Satélite (1990); Rio Demene, um caminho para Amazônia (livro eletrônico- Embrapa, 1992); Ilhas ao Largo, o Brasil de Alto Mar (livro eletrônico, 2002); Bastidores (2007); Jaguar (2010); O Valor da Água (2011); Food & Wisdom: Sustaining Our Future By Harvesting Diversity (2013). 1º Edição. entre outros, além de mais de mil artigos em jornais, blogs e revistas.
Liana foi editora chefe de diversas publicações e da área de meio ambiente na Agência Estado. Escreveu, ainda, alguns capítulos em publicações coletivas como Avaliando a Educação Ambiental no Brasil (Gaia, 1996); Comunicação e Meio Ambiente, organizado pelo WWF-Brasil e Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB); Almanaque Brasil Socioambiental, editado pelo Instituto Socioambiental (ISA) em 2004 e 2006, e Biodiversidade: é para comer, para vestir ou para passar no cabelo?, editado pelo WWF-Brasil em 2006, para a Oitava Conferência das Partes da Convenção de Diversidade Biológica (COP8-CDB).
Recebeu cinco vezes o Prêmio de Reportagem sobre Biodiversidade da Mata Atlântica; foi vencedora do 21º Profissionais do Ano- Nada Substitui o Talento (1998-99) da EPTV; do Biodiversity Reporting Award, Latin American Category (2009) da Conservation International; do Prêmio HSBC de Imprensa e Sustentabilidade (2011); do Prêmio Embrapa de Reportagem (2015), instituição com a qual colaborou em diversos projetos de pesquisa e ações de comunicação, em particular com a Embrapa Territorial; do primeiro lugar no Prêmio Biodiversidade Brasil de Documentários, promovido pela TV Cultura, entre outros.
Falecimento
Liana John faleceu no dia 23 de julho de 2021 no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, aos 63 anos, acompanhada por sua família. Ela enfrentou um câncer no pâncreas por seis anos. A página dedicada ao seu falecimento, às homenagens recebidas e sua carta de despedida podem ser acessadas aqui.